Em uma recente entrevista, Chantal Restivo-Alessi, CEO internacional da HarperCollins, destacou um fenômeno interessante: o ressurgimento das vendas de livros físicos. No primeiro semestre de 2024, as vendas cresceram 4%, um dado que ela atribui ao crescente cansaço das pessoas em relação às telas digitais. Esse aumento sugere que, apesar da era digital, o toque, o cheiro e a experiência tátil de um livro físico ainda têm um apelo significativo.
Esse retorno ao físico não está restrito apenas ao mundo dos livros. Uma pesquisa recente realizada pelo Ministério da Economia apontou que, no segundo trimestre de 2024, as embalagens de papel registraram um crescimento de 5,3%, enquanto os produtos de papel cresceram 1,6%. A projeção para o ano é que a indústria gráfica alcance um crescimento de 2,4%, números que corroboram a tendência apontada por Chantal.
A relação entre o crescimento nas vendas de livros físicos e o aumento na produção de produtos de papel não é mera coincidência. Ambos os dados refletem uma mudança no comportamento do consumidor, que está buscando uma pausa do constante bombardeio digital e encontrando conforto na materialidade dos objetos físicos. Isso representa uma oportunidade significativa para a indústria gráfica, que, nos últimos anos, tem se reinventado e demonstrado resiliência diante dos desafios tecnológicos.
Bienal Internacional do Livro
Neste contexto, a 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que aconteceu de 06 a 15 de setembro, se tornou um evento crucial para o setor. A Bienal, que é o maior evento literário e cultural da cidade de São Paulo, ganhou ainda mais relevância neste cenário de ressurgimento do livro físico. Desde 2022, a Indústria Gráfica Brasileira, através da ABIGRAF, entidade representativa do setor, voltou a participar com estande próprio e uma programação intensa, destacando a importância do papel impresso no universo literário.
A Bienal não é apenas uma celebração da leitura, mas também um reflexo das tendências de mercado. A participação ativa da ABIGRAF no evento reforça o compromisso da indústria gráfica com a promoção do livro físico, ao mesmo tempo em que fortalece os laços com o mercado editorial. Este é o momento de a indústria mostrar sua capacidade de adaptação e inovação, respondendo à demanda por produtos que resgatem a tangibilidade e o valor estético que o digital, por mais prático que seja, não consegue oferecer.
Em suma, os números apontados por Chantal Restivo-Alessi e os dados do Ministério da Economia não só confirmam o ressurgimento dos livros físicos, mas também indicam uma tendência mais ampla de valorização dos produtos de papel. A Bienal Internacional do Livro de São Paulo foi um palco importante para a celebração dessa tendência, e a participação da ABIGRAF ressalta a força e a relevância da indústria gráfica brasileira nesse cenário em evolução.
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